Cinefilia, por Carlos Pedroso

10. Um Tiro Na Noite
Brian De Palma, 1981
Eu sou um grande fã de O Poderoso Chefão, mas me desculpem os cinéfilos assíduos, Um Tiro Na Noite continua sendo pra mim a melhor tese de cinema da história.

9. O Homem Errado
Alfred Hitchcock, 1956
Sobre quando o maior diretor de todos os tempos abriu mão de seu virtuosismo pra compenetrar a história de um homem comum injustiçado.

8. Amarga Esperança
Nicholas Ray, 1948
É uma pena saber que quando se olha pra carreira do Nicholas Ray, Amarga Esperança é quase esquecido dentro da cinematografia do diretor. Talvez o filme que melhor definiu uma geração inteira (e não só a do pós guerra) que continuará pra sempre um irretocável estudo sobre se sentir estranho e compreendido ao mesmo tempo.

7. Closer
Mike Nichols, 2004
Porque ninguém tem o poder de dialogar com tanto sentimento como Nichols e seus personagens.

6. A Infância Nua
Maurice Pialat, 1968
O sentimento que cultivado por A Infância Nua seria quase o oposto pelo que sinto por Wall-E não fosse a plenitude qual o personagem protagonista de Pialat é construído aqui. Existe nesse universo uma revigorante ingenuidade que me faz questionar sempre as responsabilidades da vida adulta.

5. Wall-E
Andrew Stanton, 2008
Eu era um bebê na época em que O Rei Leão e Toy Story arrebataram a infância de praticamente todo mundo que eu conheço. O único filme infantil que eu lembro é Pateta – O Filme, porque meu irmão me deu um VHS na época que eu guardo até hoje. Wall-E, no entanto, surgiu num momento delicado da minha pré-adolescência, mas graças a delicadeza e riqueza de seus personagens, acabou se tornando um grande e fiel amigo ao longo dessa trajetória cinéfila. Não só porque é a última grande animação de Hollywood, mas porque ele também sempre me faz lembrar como é bom ser criança.

4. Mistérios da Carne
Gregg Araki, 2004
Essa é a cena mais marcante de toda a história do cinema pra mim, e ela diz por si só o motivo.

3. Gerry
Gus Van Sant, 2002
Pensar numa lista de filmes que definem minha cinefilia e não lembrar de Gerry é o mesmo que ter um corpo desmembrado. Talvez por ser um dos filmes que mais me confrontou quanto espectador desde que me descobri amante de Cinema, encontrar na imagem de Gerry um sentido para solidão e os consequentes questionamentos sobre o tempo como uma grande e irônica metáfora da existência, é o mesmo sentimento que ouvir a 9ª Sinfonia de Beethoven e se sentir no limite do universo.

2. Gran Torino
Clint Eastwood, 2008
Gran Torino é o filme mais politizado do Eastwood na última década, mas é também o filme que inicia (junto com A Troca) o processo da imagem fantasma que persegue o envelhecimento do seu Cinema. Além disso, esse é também o filme que me fez querer ser cineasta. Afinal, basta olhar a classe desse quadro e fica o sonho de um dia filmar como ele.

1. Fogo Contra Fogo
Michael Mann, 1995
Não só porque Fogo Contra Fogo é o melhor filme de ação de todos os tempos (!), mas o que esse filme representa vai muito além de uma caçada de gato e rato. Existe em cada diálogo, cada confronto entre Al Pacino e Robert De Niro, um notório e mutuo respeito sobre como cada um se encaixa na cadeia alimentar que paira sobre o filme, que ao final da cena em questão, quando se concretiza a sobreposição de um ao outro, está ali a catarse de todo o virtuosismo de Mann em contemplar a imagem que constroi esse momento simbólico (de código moral) ao longo de toda a narrativa. E isso é simplesmente coisa de gênio.

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Carlos Pedroso é crítico de música e cinema, e escreve suas opiniões na Banana Prolixa.